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12/13/12

MEMÓRIAS DE CABO DELGADO COLONIAL - BANDAS FILARMÓNICAS EXISTENTES, NA VILA DO IBO NO 1º QUARTEL DO SÉCULO XX

BANDAS FILARMÓNICAS EXISTENTES, NA VILA DO IBO, NO 1º. QUARTEL DO SÉCULO XX 
ACHEGAS PARA O SEU ESTUDO E PARA A HISTÓRIA DA MÚSICA EM CABO DELGADO E EM MOÇAMBIQUE
Por Carlos Lopes Bento (Dr.) 
© Carlos Lopes Bento / ForEver PEMBA 2012 Dezembro de 2012

A vila do Ibo, capital política, económica e cultural de Cabo Delgado, durante mais de 200 anos, com uma intensa vida social, foi uma das vilas mais famosas e relevantes de Moçambique. Teve Jornais (O Nyassa e o Echo do Nyassa), um Teatro (Almeida Garret), Consulados…, dois clubes recreativos (Club 5 d’Outubro e Clube Recreativo Iboense),  duas bandas musicais e uma escola de música.

Nestas breves notas disponibilizo e partilho alguns dados sobre estas duas bandas filarmónicas, com nomes dos executantes e suas especialidades, que me foram testemunhados pelo ilustre morador Honorato Figueiredo, que constam das minhas fichas de trabalho de campo:

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A PRIMEIRA, BANDA IBOENSE
Foi fundada em 1904, pelo Delegado Procurador da República, Dr. Eduardo Barbosa e era constituída por 25 elementos:

Dr. Eduardo Barbosa, maestro e instrutor
Adolfo de Morais, cornetim
Agostinho Jordão Soares, trompete.
Agostinho Resende, pratos
António Soares, trompete
Arsénio A. Macedo, (Empregado da Comp. do Nyassa), cornetim
Catarino de Morais, trombone
Constantino Dulba, barítono
Dante Andriolo (italiano), cornetim
Ernesto Fernandes da Silva, ?????
Francisco de Sousa, bombo
Gouveia de Figueiredo, ?????
Isodoro  (Alferes), ?????
João Maria Rebocho, caixa
João Soares Vilela, trompete
João Soares, trompa
Joaquim Teixeira Gomes, contrabaixo
José Hubber, flautim
José Maria Dias, (Empregado da Comp. do Nyassa), barítono
Luís Teixeira Gomes, cornetim
Manuel Alves Gomes, (Empregado da Comp. do Nyassa),????? 
Miguel de Oliveira, contrabaixo
Rudolfo Hubber, trompete

SEGUNDA BANDA
Esta teria sido fundada em 1915, sendo constituída pelos seguintes elementos:

Maestro... Góis 
Amorim, func., advogado
Abel Barreira Diogo
Abílio de Sousa
Arsénio A Macedo, instrutor e músico
Artur do Rosário
Carlos da Silva
Domingos Baptista Aguiar
Emílio Pereira
Francisco Luís Tramier
Isménio de Sousa
João Soares
José de Sousa.
Liberato António Dias
Luís António Dias
Pantaleão Macedo
Raul Gonzaga

Estas bandas tiveram sempre dificuldades em contratar professores de música.

Existiu grande rivalidade entre as duas bandas e a primeira já não existia em 1928 e a segunda em 1924.

Testemunho de Honorato de Figueiredo, que, de 1915 a 1920 fez parte dos corpos sociais da segunda banda. """"""

Algumas notícias publicadas no jornal quinzenário Eco do Nyassa, editado  na Vila do Ibo, que nos ajudam a conhecer, mais pormenorizadamente, a temática abordada.

Aqui deixo estas breves notas que, que por inéditas, irão surpreender muitos Filhos do Ibo.

Tenho esperanças que a Vila do Ibo volte a ser, em breve, uma urbe com uma vida sociocultural intensa.
- Carlos Lopes Bento, Portugal, Dezembro de 2012

  • Outros trabalhos do historiador Carlos Lopes Bento neste blogue 
  • O Dr. Carlos Lopes Bento no Google

Mais sobre "BANDAS FILARMÓNICAS EXISTENTES, NA VILA DO IBO, NO 1º. QUARTEL DO SÉCULO XX": 
Clique nas imagens para ampliar. Edição de J. L. Gabão para o blogue "ForEver PEMBA" em Dezembro de 2012. Permitida a reprodução e/ou distribuição dos artigos/imagens deste blogue só com a citação da origem/autores/créditos.

4/15/12

História e histórias d'África no Brasil - NEGRO SULINO



Por Fábio Campos

Santana do Ipanema cidade secular, encravada no médio sertão das Alagoas. Palco de histórias memoráveis, desde o Período Imperial brasileiro. De quando os primeiros desbravadores aqui aportaram resolvidos a cultivar a terra. Dispostos a domesticar e catequizar os indígenas com a ajuda dos missionários. A água em abundância do rio Ipanema garantia de boa caça e pesca. O rio oferecia-se inteiro, para gerar variadas fontes de renda dos seus novos e antigos habitantes. Rio manso deixou-se domar. Deu de si, o massapé para preencher os tapumes de pau-a-pique. Água para o gado bovino. Madeira da mata branca para as edificações e cercados. Argila das encostas do curso d’água, donde se manufaturavam panelas, potes e tachos. O junco e a palha de suas barrancas, com que os rurícolas cobriam suas habitações rupestres. Dele os índios vivam e tiravam seus artefatos de combate, utensílios domésticos e pigmentos para ornar o corpo.

Santana do Ipanema em breve se elevaria a categoria de vila quando aqui chegaram os primeiros negros da descendência dos Bantos africanos – faltavam trinta anos para a princesa Isabel assinar a Lei Áurea - os negros trazidos de África para o Brasil chegavam na condição de escravos. Trazidos de Angola, República do Congo, Moçambique, Guiné Bissau. Pertenciam a grupos étnicos que os traficantes dividiam em Dembos, Macuas, Benguelas e Anjicos. Eram levados pelo litoral, nos porões dos navios, amarrados pelos pés e mãos para não fugirem. Comercializados nos dois grandes centros da época, o cais do porto de Salvador e Rio de Janeiro. Uma vez vendidos, aos mercadores de escravos, viajavam léguas a pé para o interior, para serem revendidos aos senhores feudais. Em Minas Gerais iam para a garimpagem de ouro, na Província do Rio de Janeiro para as lavouras de café, no Nordeste iam para a região Atlântica, para o cultivo da cana-de-açúcar. Parte deles embrenhados nos sertões, iam para a lida com gado bovino e o serviço doméstico das casas grandes de ricos comerciantes e donatários.

Um dia chegou a Vila da Ribeira de Santana, um comboio de mais de vinte pessoas e dez montarias. Havia entre eles mercadores de especiarias, alguns corsários, e um vendedor de escravos que trazia seis negros - quatro homens e duas mulheres - já vendidos. Uma encomenda do senhor Martiniano Vieira, donatário-herdeiro de parte das doze léguas de terras devolutas, compreendidas entre a Serra do Caracol à Ribeira dos Cabaços. Concedidas pelo imperador D. Pedro II, aos irmãos Martins. Os negros em fila indiana chegaram a pé. Traziam argolas, envolta do pescoço, que unia uns aos outros por uma corrente de ferro. Além de terem as mãos amarradas às costas. Cobertos de poeira - não fosse pela respiração ofegante e o andar claudicante - passariam facilmente por estátuas feitas de barro de louça. Sangravam dos pulsos e da sola dos pés. Os tropeiros pararam no largo defronte a igreja de Senhora Santana. Os habitantes da vila se aproximaram por interesses variados. Alguns para compra de manufaturados - vindos da província - tecidos, aguardente, fumo e pólvora. Outros por pura curiosidade.

Os mercadores de escravos aproveitavam a aglomeração no largo, para anunciar a Vila da Ribeira de Santana, sobre os seus mais novos moradores. Os negros de propriedade do senhor Martiniano Vieira. Dali por diante assim deviam ser tratados, como parte dos bens pertencentes ao donatário. Os negros foram levados para um barracão denominado de senzala, construído para aquele fim. Durante o dia os negros realizavam serviços de capina e plantio, pastoreio de gado e mil outras empreitadas. À noite recolhidos na rústica masmorra, cantavam cantigas de além mar. Cantigas de sua terra-mãe África. Canções na língua Haúça, um dialeto onde proliferavam palavras com muitas Gangas e muitos Zumbas. Os negros de origem africana eram rebatizados pelo missionário Francisco Correia, com nomes cristãos. Receberiam do catequista, nomes de santos da igreja católica de acordo com as datas de seus nascimentos. Àqueles não sabia determinar com exatidão a data em que haviam nascido. O frade batizou-os com o nome das principais províncias brasileiras, Salvador, Sebastião, Vicente e Agostinho. As mulheres passaram a se chamar de Tereza Cristina e Isabel, em referência a imperatriz e à princesa, respectivamente esposa e filha do imperador. Muito embora os negros jamais deixariam suas origens e suas crenças. Acreditavam em deuses vários para cada evento da vida. Praticavam rituais de vodun originados do candomblé Jeje. À noite ao redor de uma fogueira dançavam ao som de tambores evocando seus deuses. Sacrificavam pequenos animais, pediam proteção e clamavam pela liberdade perdida. Os brancos da vila passaram a respeitar e temer os negros pelos poderes imputados a eles. Acreditavam que tinham a capacidade de transformarem-se em animais, ou tornarem-se invisíveis em determinadas ocasiões. Poderes de ter o corpo fechado para o ataque com arma branca, e mesmo de serem imortais. Os negros mantinham ainda o hábito de falar no seu dialeto de origem, e seus nomes de batismo na mãe África. O negro Sebastião chamado na tribo afro de Heviassô-Agué que significa deus da caça e da floresta teria se amasiado com a negra Tereza Cristina, Ayizan-fa, rainha do mercado e da adivinhação, tiveram doze filhos. O primogênito cujo nome de batismo no ritual afro era Agassu-Lino que na língua Banto quer dizer “aquele que vem do reinado de Benin do Congo”.

Agassu-Lino tornou-se grande líder do povo afro que residia na Vila da Ribeira. Tornou-se uma lenda viva pelos prodígios a ele atribuídos. As negras Bás contavam histórias de dormir aos filhos dos brancos sobre as façanhas de Agassu-Lino. Histórias de suas caçadas fantásticas. Peripécias de ter matado onças e lobos gigantes com as próprias mãos. A proeza de ter enfrentado o próprio diabo. Os negrinhos da vila deram-lhe o carinhoso apelido de Sulino. Pelos muitos anos viveu, habitou o Alto dos Negros - um reduto Quilombola no Serrote de Seu Marinho - ao lado do seu povo. Originários e descendentes da tribo Banto. Já em idade avançada era consultado pelos brancos, que queriam livrar-se de mandingas e moléstias - que os atormentavam - em corpo ou em espírito. Sulino acabou deixando o morro e foi morar na cidade. Era comum encontrá-lo perambulando pelas ruas na madrugada. Acabaria acusado de bruxaria, de virar lobisomem em noite de luas cheias e de praticar rituais satânicos. Em 1975 quando completou cem anos de idade, entrou em casa, fechou as portas e não mais saiu. Seis meses depois, os moradores da vizinhança tomaram uma atitude, destelharam a casa e entraram, nem vestígio de Sulino. Cobras, sapos, aranhas e ratos foram os únicos ocupantes encontrados lá dentro. 
- Fonte e transcrição "Alagoas na Net"

3/23/12

MEMÓRIAS DE CABO DELGADO COLONIAL - Tese

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MEMÓRIAS DE CABO DELGADO COLONIAL
AS ILHAS DE QUERIMBA OU DE CABO DELGADO. SITUAÇÃO COLONIAL, RESISTÊNCIAS E MUDANÇA. 1742-1822.
Tese de doutoramento, defendida, publicamente, em 5 e 6 de Dezembro de 1994, pelo licenciado Carlos Lopes Bento, no Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas, da Universidade Técnica de Lisboa.

Por Carlos Lopes Bento - Doutorado em História dos Factos Socias pelo ISCSP, da U T Lisboa. Antigo presidente da Câmara Municipal do Ibo. Antropólogo. Tesoureiro da S G de Lisboa.
  • Outros Trabalhos do Dr. Carlos Lopes Bento neste blogue 
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7/22/11

O Curandeiro N'Kanga entre os Wamwuani do IBO

Trabalho do Dr. Carlos Lopes Bento* que pretende dar a conhecer parte do profundo saber médico-religioso dos curandeiros na sociedade tradicional mwani da Ilha do Ibo, pertencente ao Arquipélago das Quirimbas em Cabo Delgado - Moçambique, apresentado em 16 de Dezembro de 2003, no Seminário “Perspectiva Antropológica das Práticas e Conceitos Tradicionais de Saúde”, realizado na Sociedade de Geografia de Lisboa, organizado pela Secção de Antropologia da mesma Sociedade.


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Alguns trabalhos do Dr. Carlos Lopes Bento publicados neste blogue
Link - O Curandeiro N'Kanga entre os Wamwuani do IBO
  • *Carlos Lopes Bento - Doutor em Ciências Sociais, especialidade História dos Factos Sociais, Licenciado em Ciências Antropológicas e Etnológicas pelo ISCSP, UTL e professor universitário. Faz parte da Direcção da S.G.Lisboa, desempenhando as funções de tesoureiro. É antropólogo e foi antigo administrador dos concelhos dos Macondes, do Ibo e de Porto Amélia (Pemba) na época colonial. Publicação neste blogue cedida e autorizada pelo autor.

11/18/10

Moçambique - HISTÓRIA - TEMPLOS E ESPAÇOS SAGRADOS DAS ILHAS DE QUERIMBA. 1ª Parte

TEMPLOS E ESPAÇOS SAGRADOS DAS ILHAS DE QUERIMBA. 1ª Parte
TEMPLOS E ESPAÇOS SAGRADOS DAS ILHAS DE QUERIMBA. 1ª Parte
Por Carlos Lopes Bento
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