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4/27/15

GLÓRIA DE SANT´ANA, VISITA A ILHA DO IBO, EM BUSCA DO SABER

Prof. Carlos Lopes Bento


12/08/13

RIP Virgílio de Lemos!

Recebido de um Amigo, via e-mail:

Faleceu o grande poeta moçambicano, natural da ilha do Ibo, Virgílio de Lemos, ontem, em Paris. Pela mão de outra grande poeta (poetisa) de Cabo Delgado, Glória de Sant'Anna pude "conhecer", em Pemba, a poesia daquela grande figura das Letras. Leiam este lindo poema escrito,em 1995, em Pemba/Ibo, "Ibo, eu calo a minha pena". - Assina JNC.
Clique na imagem para ampliar

Virgílio de Lemos nasceu na Ilha do Ibo em Cabo Delgado - Moçambique em 1929. Cresceu e estudou entre Lourenço Marques e Joanesburgo. É uma das figuras fundamentais da poesia moçambicana, ao lado de Rui Knopfli e José Craveirinha. Fundador da revista de poesia Msaho em 1952, que simboliza a ruptura com a literatura colonial. No seu primeiro número figuram Noémia de Sousa, Reinaldo Ferreira e Alberto Lacerda. A sua obra conta poemas, contos e crónicas, e um estudo sobre o "barroco estético" na literatura de Moçambique. Ele teve uma parte activa na vida política e na resistência ao regime colonial entre 1958 e 1963, altura em que opta pelo exílio em França. O seu livro de poesia, Para fazer um mar, editado pelo Instituto Camões foi lançado a 31 de Maio 2001 na Feira do Livro de Lisboa, com prefácio de Luís Carlos Patraquim. - In António Miranda, Setembro de 2009.
  • Notícia do falecimento de Virgílio de Lemos em "PÚBLICO"

3/18/13

ILHA DO IBO em Março de 2013

O IBO DO MÁRIO LOPES  -  Mário Lopes nada conhecia a norte de Marromeu e foi em busca da história do JOÃO BAPTISTA. Ao chegar à ILHA DO IBO conheceu a força que a natureza impõe ao preservar as vigas de uma História que não quer ruir e, teve em simultâneo, a percepção do que é o paraíso.
Clique nas imagens para ampliar. Imagens cedidos por MÁRIO LOPES, realizadas em sua recente estadia na Ilha do Ibo - Março 2013. Homenagem ao historiador e conselheiro da Ilha do Ibo, 3º oficial da Administração Estatal reformado - João Baptista que perfaz em Junho 86 anos, a Atibo Biché e ao historiador e antigo Administrador da Ilha do Ibo (época colonial), Dr. Carlos Lopes BentoEdição de imagens e texto de J. L. Gabão para o blogue "ForEver PEMBA" em Março de 2013. É permitido copiar, reproduzir e/ou distribuir os artigos/imagens deste blogue desde que mencionados a origem/autores/créditos.

2/11/13

Retalhos: De Porto Amélia a Pemba - ILHA DO IBO - PERDIDA NO MAR E NA HISTÓRIA

ILHA DO IBO - PERDIDA NO MAR E NA HISTÓRIA - Em Porto Amélia raramente se dizia a ilha do IBO; dizia-se, muito simplesmente, o IBO. Foi ao IBO, veio do IBO, vive no IBO...

Naquele falar e falajar do entardecer nas deliciosas varandas coloniais, fui ouvindo história daquela ilha da costa de Moçambique, entre o Lúrio e o Rovuma. O mistério ia, pouco a pouco, aguçando a minha curiosidade. O próprio café do Ibo, que o senhor Ferreira nos servia no «Botão de Rosa», ajudava ao mistério. Era um café delgadinho, acastanhado, de cheiro e sabor muito estranhos. Mas acabamos por gostar dele e precisar dele. Era revigorante e tirava a ideia de deitar em horas de andar a pé. E quem quisesse ler ou escrever pela noite fora, era só tomar um cafézinho do Ibo, depois de jantar. Insónia assegurada.

Quando a curiosidade começou a inquietar-me, não tive outro remédio se não reparti-la com o meu inesquecível companheiro Simões Coelho. O Dr. Manuel Simões Coelho, grande cirurgião e grande pianista, veio a falecer em Portugal, meses depois de ser desmobilizado.

Não foi difícil entusiasmá-lo. Ele também já andava mortinho por conhecer o Ibo. Difícil foi arranjar transporte que nos levasse pela costa acima, até ao ponto da travessia. O jeep do Hospital Militar 338, a que pertencíamos, estava mesmo a calhar, mas a viagem era paisana demais para o podermos usar sem dar nas vistas...

Acabámos por aceitar a oferta de um indiano—um velho Opel sempre a torrar ao sol implacável da Av. Jerónimo Romero. Só depois de aceitarmos, com muitas mesuras de parte a parte, é que soubemos do estado lastimoso do carro. A cor era o menos, mas sempre lhes direi que ia do vermelho alaranjado, nas pregas mais protegidas, ao diospiro podre nas superfícies mais expostas.

Depois de uma revisão que, afinal, só serviu para nos afirmar que era uma temeridade partir, assim, com duas senhoras e duas crianças, lá fomos aos primeiros raios daquele sol que se erguia do lado do mar e se punha do lado da terra.
Logo aos primeiros quilômetros, o Opel triplicou os barulhos da partida e começou a cambar para o lado esquerdo. Por sua vez, as senhoras iam fechando a cara, daquela maneira que só as esposas contrariadas sabem fazer... O que nos valia, a mim e ao Simões Coelho, era a grande satisfação dos nossos filhos, o João e o Jorge. Riam e batiam palmas de cada vez que um macaco-cão atravessava a estrada, solene e atrevido.

— Ó papá, tu não apitas nas curvas?! — estranhou a certa altura o Jorge.
— Ó filho, tomáramos nós encontrar alguém, mesmo contra a mão! — respondeu, galhofeiro, o Simões Coelho.

Naquela fita de terra vermelha, marcada pelas tempestades e pêlos aventureiros, naquela solidão que parecia vir do princípio do mundo, buzinar seria uma ingenuidade e um sacrilégio.

A certa altura o «diospiro» cambou perigosamente para o lado de que vinha a queixar-se desde Porto Amélia — o esquerdo.

— O feixe de molas está a dar o berro! — informou o Simões Coelho, de rabo para o ar, meio metido debaixo do carro.
— E agora? — perguntei com a nítida sensação de ser ridículo naquele ermo.
— Vamos andando devagarinho... Mahate deve estar perto!— sossegou o Simões Coelho a bater as mãos, vermelhas de terra.

Depois de meia dúzia de curvas, dadas de credo na boca, Mahate apareceu como um bocejo da floresta.

Mahate era uma terra pequena e poeirenta surgida, ao que me pareceu com a exploração, naquela área, da companhia algodoeira Sagal.

Para nós foi a Divina Providência que ali instalou umas oficinas capazes de reparar o nosso carrinho cambado e gemebundo. Não seria preciso, mas sempre fomos dizendo que éramos amigos do senhor Eng° Guedes de Paiva, ao tempo, administrador da Sagal em Porto Ameia... Além do préstimo, os mecânicos foram de uma amabilidade inesquecível. Só tivemos de esperar um tempinho bem bom. Fomos passá-lo a uma daquelas lojas que só se encontram na África em pleno mato. Ali se vende de tudo, mas tudo cheira a tabaco e peixe seco.

Resolvemos esperar na varanda, quase ao nível da rua, a uma mesa de tampo coberto de moscas. Daquelas moscas que voltam sempre mal acaba o gesto de as afastar. Ao fundo da varanda bebia cerveja um negro gordalhufo, esgoleirado, mas bem vestido. Limpava, a espaços, um suor azulado e parecia, de olhar fixo, contar as garrafas que já bebera e tencionava beber.

É o doutor do Ibo!... — informou o pretito que nos trazia os pedidos; adivinhando em nós a estranheza de ver ali tal figura.

Ainda pensamos em abordá-lo para lhe dizermos quem éramos e onde íamos, mas o nosso colega parecia estar ao fundo de uma varanda sobre o infinito...

Do outro lado da rua havia um inacreditável campo de futebol. Apenas umas canas espetadas no chão poeirento limitavam o necessário rectângulo em cujas extremidades havia uns paus tortos a servir de balizas. O piso era de terra moída e remoída por mil pés a ir e a vir na mira do golo. Mas o campo tinha uma vaidade que ainda hoje me dói... Por cima da entrada uma tábua ressequida dizia assim numa caligrafia acabada de aprender:

LEÕES DE MAHATE

Quando pensávamos em ir ver se o carro já estava pronto, o «diospiro» apareceu, trazido por um funcionário da Sagal. Vinha todo teso e reluzente de limpeza, íamos batendo as palmas de contentamento. As nossas mulheres sorriram, finalmente. Pareciam já duas noivas em viagem de núpcias...
Dali até ao ponto de embarque para a ilha do Ibo correu tudo bem, mas tudo feito com muito cuidado por causa do piso. Quando menos se esperava surgia um pontão de troncos, ali posto para dar passagem no leito seco de um riacho efémero. Se bem me lembro, só atravessamos um curso de água permanente — o rio Montepuez. Era em Tandanhangue que se embarcava para o Ibo. Não havia povoado, nem havia cais. Apenas uma enseada minúscula acolhia o barco a motor do vai-e-vem. Ao embarcarmos, as senhoras voltaram a fechar a cara e os rapazinhos a ficar mais contentes. Aquele barco pareceu-lhes, certamente, acabado de saltar de um quadradinho de banda desenhada... A mim pareceu-me pequeno para aguentar qualquer espécie de mar. Eu não sabia que no paraíso os barcos não têm tamanho... E foi uma viagem paradisíaca aquela que fizemos, ora quebrando espelhos de mar imaculado, ora atravessando florestas de mangai, de onde se erguiam bandos de pássaros, brancos e silenciosos como a neve.

Talvez influenciado pelas histórias de Somerset, esperava encontrar na Ilha do Ibo um pequeno porto com alguma agitação de gente curiosa e mercadorias pasmadas ao sol. O cais do Ibo não passa de um pequeno patamar com escadinhas a desaparecer na água quieta. À espera, apenas um rapaz de tronco nu, muito lesto nas manobras de atracagem.

Foi esse rapaz que nos levou a casa de Wong Jan, um chinês de hospitalidade lendária por toda a costas de Cabo Delgado e que, em Porto Amélia nos haviam indicado como único sitio do Ibo onde poderíamos ficar.

Wong Jan recebeu-nos com as vénias de todos os chineses a que, ao que me pareceu, juntou mais algumas de homenagem ao Simões Coelho, já famoso por aquelas bandas.

Depois de um banho, tomado a golpes de púcaro pela cabeça abaixo, fomos cervejar para a varanda. Íamos na segunda rodada, quando apareceu o «Madragoa» a esbracejar e a rir de lês a lês no carão moreno. O « Madragoa» era o Administrador da llha do Ibo. Não consigo lembrar-me do seu verdadeiro nome. Aliás, julgo que nunca o soube muito bem... Apesar de muito estimado e respeitado, ninguém a ele se referia de outra maneira.

—  Está cá o «Madragoa»! — anunciava-se, volta e meia, em Porto Amélia.

A simpática alcunha deve ter pegado por excesso de bairrismo do Administrador. Acho que dizia por tudo e por nada:

—  Sou de Lisboa e da Madragoa!

E por ser de Lisboa recordou pela noite fora com o Simões Coelho casos e recantos da saudosa terra de ambos.

Quando as senhoras e as crianças se foram deitar, como autómatos perdidos de sono, ficámos só os três. Melhor, os quatro. Wong Jan andava por ali, discretamente, atento à nossa sede e à nossa fome. A certa altura o Administrador insinuou que «estava mesmo a calhar» um certo pastelão de um certo marisco.

Apesar do marisco me parecer um tanto coreáceo, o pastelão, no seu conjunto, ficou delicioso. Mas esta delícia viria a estragar-me a noite... Não fiz a digestão daquele marisco tão aplaudido. De cada vez que me virava, sentia os pedacinhos inteiros a carambolar no estômago, como bolas de bilhar. E quando pela manhã, ouvi o Simões Coelho a falar no pátio com os criados, berrei-lhe, ainda da cama:

—  Arranja-me um pouco de aguardente!
—  'stá bem... 'stá bem! — respondeu com certa estranheza na voz.

Mas a aguardente nunca mais vinha. Passado cerca de um quarto de hora, voltei a berrar:

—  Então essa aguardente, Simões Coelho!?
—  Andam a tratar disso!... Tu julgas que estás na Régua?

Passados mais dez minutos, um criado bateu à porta.

—  Pronto, patrão! já 'tá — disse, contente, no seu riso de piano aberto.

Intrigado por não lhe ver nada nas mãos, perguntei:

—  Já está o quê?
—  O banho, patrão. Tem muita água!

Está visto que me andou a arranjar água quente em vez de aguardente!... Tomei um delicioso banho de bidom. O único banho quente em dois anos e meio de África.

O pequeno almoço tornou-se de fugida. Não queríamos perder o içar da bandeira naquele domingo passado tão longe.

A cerimónia foi breve mas de uma solenidade garantida pelo rigor militar dos sipaios. Nunca a nossa bandeira me pareceu tão nossa, a tremular assim naquele azul tão forte que parecia pintado.

Começamos a visita à ilha pelo Hospital. Ficava ali mesmo, naquele terreiro de árvores frondosas em redor do mastro da bandeira.

Não voltei a ver hospital tão limpo, tão arrumado e tão deserto. Apenas dois serventes negros nos fizeram as honras da casa, abrindo portas naquela solidão e respondendo baixinho às nossas perguntas. O Hospital pareceu-me apetrechado para o que desse e viesse. Viesse o quê? Apenas dois negros, muito velhos e muito magros estavam internados, mais por caridade que por doença. Nenhum respondeu às minhas perguntas. Nem os olhos mexeram, quando as repeti mais alto. Três mundos: o meu, o deles e o outro.

Ao recordar, agora, aquele deambular pelas ruas do Ibo, recordo paralelamente o percorrer das ruínas de Pompeia, visitadas muitos anos depois. Em Pompeia tudo aconteceu há tanto tempo que nada nos comove. Dir-se-ia que, ali, o Vesúvio e os séculos silenciaram tudo de tal maneira que as nossas almas e os nossos corações já nada podem sentir.

No Ibo o pano parece-nos caído sobre a opereta da grandeza e logo erguido para mostrar o drama da decadência. Entre a descida e a subida do pano, um curto intervalo para a História poder mudar de roupa.

Não pudemos visitar toda a Fortaleza por medida de segurança. Estavam lá prisioneiros muitos negros implicados na guerra, prestes a abrir ao sangue e à intolerância. O que vimos chegou para saber que a Pátria se defendia tão bem e tão longe.

Foi confrangedor passar diante de casas senhoriais, de paredes esventradas, sem telha que as proteja e porta que as guarde. Numa delas, em plena sala de jantar, de paredes apaineladas, crescia uma árvore com indescritível descaramento. Nas fachadas de armazéns arruinados, iam-se apagando os nomes de grandes firmas comerciais e um grande silêncio parecia amarrar-se àquela fiada de argolas de prender os animais de carga.

As casas habitadas eram poucas e dispersas. As pessoas vinham às portas ver-nos passar como fantasmas de um futuro que há-de vir. E ainda não veio.

Ao virar de uma esquina apareceu o nosso simpático Administrador. Vinha num jeep cheio de mossas, roncos de motor e grandes estoiros de tudo de escape. Queria oferecer-se para uma volta mais larga pela sua ilha.

Começou por nos mostrar, muito orgulhoso, um pequeno bairro social de sua iniciativa. As casas eram pequenas, de blocos feitos ali mesmo, sem qualquer estilo, a contar com um clima sem inverno. Foi uma nota de esperança naquela terra em agonia, desde o fim da escravatura. Sim. O Ibo foi próspero, enquanto entreposto de escravos. Ali se fixaram grandes famílias da Europa, vivendo na abastança, da compra e venda de negros.
Lá estão as casas senhoriais de estilo europeu a afirmá-lo e os apelidos nobres a resistir ainda aos humildes nomes indígenas: Ávila... Menezes... Carrilho... Ornelas... Alba... Coutinho... E o sangue? Ohl... o sangue... A garantir a sanidade dos cruzamentos de sangue latino e negro, temos o milagre das «brancas do Ibo». Milagre de brancura, de elegância, de beleza, de jeito de falar e jeito de ser. Iris Maria é uma branca do Ibo. Foi miss Portugal. Não tem havido mais porque o Ibo é longe e mau caminho...

Ao som daquele jeep rebentado percorremos boa parte da ilha com o nosso «Madragoa» a gesticular indicações com o braço livre do volante. Nada me pareceu cultivado com regra ou entusiasmo. Toda aquela agricultura de subsistência tinha o mesmo ar espontâneo do capim, mas toda aquela desolação definitiva não impedia o nosso Administrador de gesticular grandes projectos de abastança. Quando se punha de pé, de braço estendido a traçar lonjuras de cultivo, chegava a ouvi-lo como um eco de D. Quixote...

Por ventura a marca mais profunda que me ficou daquele passeio a esmo pela ilha, foi a visão das sepulturas individuais e familiares que íamos encontrando perdidas no capim. Mal se desligava o motor para irmos ver mais perto, caía sobre elas um silêncio quase doloroso. Que grande senhor negreiro estaria ali comido dos bichos e dos remorsos? Que formosura virginal teria acabado ali os sonhos de donzela?

Um ventinho de murmúrio respondia do infinito. Um grande silêncio respondia a toda a gente.

Outra vez o cais... outra vez o barco... outra vez o mangal no mar quieto... outra vez os pássaros brancos e silenciosos como a neve...

E a Ilha do Ibo lá ficou, perdida no mar e na História.
- Por Camilo de Araujo Correia (extraído de "Recordar é Viver")

- NOTA - Relato que se presume tenha acontecido na década de 1960, quando o médico duriense cumpriu serviço militar em Porto Amélia como diretor do Hospital Militar e publicado em 1991 em Portugal-Peso da Régua, no "livro de Andanças".

- Comentário de Carlos Lopes Bento no ForEver Pemba 3 em 14/09/2004:
Mais uma faceta das terras de Cabo Delgado, desta vez uma viagem por terra e mar. A narração está bastante próxima da realidade. O administrador "Madragoa" e "Malata" era em 1962 Mário Baptista de Oliveira. Escreveu, então, "Monografia Sobre a Ilha do Ibo", dactilograda, não publicada. Parabéns por mais um trabalho sobre as terras de Cabo Delgado, com a narração de uma viagem entre Porto Amélia e Ibo, por terra e mar. Mezungo m'barabara. Enviado por Carlos Bento em setembro 14, 2004 03:43 PM.

Clique nas imagens para ampliar. Edição de J. L. Gabão para o blogue "ForEver PEMBA". Atualização em Fevereiro de 2013. Permitida a reprodução e/ou distribuição dos artigos/imagens deste blogue só com a citação da origem/autores/créditos.

7/26/12

AS FESTAS DE SÃO JOÃO BATISTA DO IBO, NO ANO DE 1900

PARA A HISTÓRIA DE CABO DELGADO-MOÇAMBIQUE 
AS FESTAS DE SÃO JOÃO BATISTA DO IBO, NO ANO DE 1900 
Carlos Lopes Bento "1"

A leitura do quinzenário O NYASSA, começado a publicar no Ibo, no primeiro dia do ano de 1900, deu-me a conhecer importantes notícias de natureza social, que nos ajudam a compreender melhor a realidade sócio-cultural e económica da vila do Ibo e demais lugares do seu concelho e de Cabo Delgado, no último ano do século XIX.

Comecarei este trabalho de divulgação, pelas notícias publicadas, nos números 11 a 15, da sua folha quinzenal, relativas aos festejos de São João Batista, o Precursor, padroeiro da Vila do Ibo.

Um grupo de militares em serviço na Vila do Ibo, em missão de serviço, lembrou-se deauxiliar a população mais desfavorecida da ilha. Para levar a efeito a sua louvável ebenemérita iniciativa, criou, em Maio de 1900, uma Comissão, para a qual convidoualgumas pessoas ilustres da Vila.

Seguem-se alguns excertos das notícias publicadas, entre Maio e Agosto de 1900:
Clique para ampliar.



"1" - Antropólogo. Administrador dos concelhos dos Macondes, Ibo e Pemba, entre 1967 e 1974. Diretor-Tesoureiro da Sociedade de Geografia de Lisboa.


  • Fotos do Dr. Carlos Lopes Bento sobre a Ilha do Ibo
  • O Dr. Carlos Lopes Bento no Google
  • A Ilha do Ibo no ForEver PEMBA
  • Colaboração do Dr. Carlos Lopes Bento. Edição de J. L. Gabão para o blogue "ForEver PEMBA" em Julho de 2012. Permitida a copia, reprodução e/ou distribuição dos artigos/imagens deste blogue só com a citação da origem/autores/créditos.

    5/30/12

    No 208º Aniversário do Concelho do Ibo (24.6.1971)

    Em homenagem ao saudoso filho da Ilha do IBOANTÓNIO BAPTISTA CARRILHO e ao antigo administrador do Concelho do Ibo Dr. CARLOS LOPES BENTO

    Clique nas imagens para ampliar. Extraído da página especial (nº 7), com o título: 208º Aniversário do Concelho do Ibo, (24.6.1971) compilada por Jaime Ferraz Rodrigues Gabão e publicada no antigo jornal "Diário de Lourenço Marques" em Moçambique
    :::: A magnífica e HISTÓRICA ILHA DO IBO no GOOGLE ::::
    Clique nas imagens acima para ampliar. Edição de J. L. Gabão para o blogue ForEver PEMBA em Maio de 2012. Todos os direitos reservados. Só é permitido copiar, reproduzir e/ou distribuir os artigos/imagens deste blogue desde que mencionados a origem/autores/créditos.

    Relendo - O Curandeiro N'Kanga entre os Wamwuani do IBO

    Trabalho do Dr. Carlos Lopes Bento* que pretende dar a conhecer parte do profundo saber médico-religioso dos curandeiros na sociedade tradicional mwani da Ilha do Ibo, pertencente ao Arquipélago das Quirimbas em Cabo Delgado - Moçambique, apresentado em 16 de Dezembro de 2003, no Seminário “Perspectiva Antropológica das Práticas e Conceitos Tradicionais de Saúde”, realizado na Sociedade de Geografia de Lisboa, organizado pela Secção de Antropologia da mesma Sociedade.
    (Click com o "rato/mouse" para ampliar e ler)

    *Carlos Lopes Bento - Doutor em Ciências Sociais, especialidade História dos Factos Sociais, Licenciado em Ciências Antropológicas e Etnológicas pelo ISCSP, UTL e professor universitário. Faz parte da Direcção da S.G.Lisboa, desempenhando as funções de tesoureiro. É antropólogo e foi antigo administrador dos concelhos dos Macondes, do Ibo e de Porto Amélia (Pemba) na época colonial. Publicação neste blogue cedida e autorizada pelo autor.
    Alguns trabalhos do Dr. Carlos Lopes Bento publicados neste blogue
    Clique nas imagens acima para ampliar. Edição de J. L. Gabão para o blogue ForEver PEMBA em Maio de 2012. Todos os direitos reservados. Só é permitido copiar, reproduzir e/ou distribuir os artigos/imagens deste blogue desde que mencionados a origem/autores/créditos.

    3/15/12

    LEMBRANDO OS ÚLTIMOS ANOS DA ADMINISTRAÇÃO PORTUGUESA NO CONCELHO DO IBO - 1973

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    MEMÓRIAS DE CABO DELGADO COLONIAL
    LEMBRANDO OS ÚLTIMOS ANOS DA ADMINISTRAÇÃO PORTUGUESA NO CONCELHO DO IBO - Ano de 1973
    (1969-1974)
    Por Carlos Lopes Bento - Doutorado em História dos Factos Socias pelo ISCSP, da U T Lisboa. Antigo presidente da Câmara Municipal do Ibo. Antropólogo. Tesoureiro da S G de Lisboa.
    • Outros Trabalhos do Dr. Carlos Lopes Bento neste blogue 
    • O Dr. Carlos Lopes Bento no Google
    Poderá também gostar de:
    • LEMBRANDO OS ÚLTIMOS ANOS DA ADMINISTRAÇÃO PORTUGUESA NO CONCELHO DO IBO - 1970
    • LEMBRANDO OS ÚLTIMOS ANOS DA ADMINISTRAÇÃO PORTUGUESA NO CONCELHO DO IBO - 1971
    • LEMBRANDO OS ÚLTIMOS ANOS DA ADMINISTRAÇÃO PORTUGUESA NO CONCELHO DO IBO - 1972

    7/22/11

    O Curandeiro N'Kanga entre os Wamwuani do IBO

    Trabalho do Dr. Carlos Lopes Bento* que pretende dar a conhecer parte do profundo saber médico-religioso dos curandeiros na sociedade tradicional mwani da Ilha do Ibo, pertencente ao Arquipélago das Quirimbas em Cabo Delgado - Moçambique, apresentado em 16 de Dezembro de 2003, no Seminário “Perspectiva Antropológica das Práticas e Conceitos Tradicionais de Saúde”, realizado na Sociedade de Geografia de Lisboa, organizado pela Secção de Antropologia da mesma Sociedade.


    (Use as 'ferramentas' disponibilizadas acima pelo 'Issuu' para ampliar e ler).
    Alguns trabalhos do Dr. Carlos Lopes Bento publicados neste blogue
    Link - O Curandeiro N'Kanga entre os Wamwuani do IBO
    • *Carlos Lopes Bento - Doutor em Ciências Sociais, especialidade História dos Factos Sociais, Licenciado em Ciências Antropológicas e Etnológicas pelo ISCSP, UTL e professor universitário. Faz parte da Direcção da S.G.Lisboa, desempenhando as funções de tesoureiro. É antropólogo e foi antigo administrador dos concelhos dos Macondes, do Ibo e de Porto Amélia (Pemba) na época colonial. Publicação neste blogue cedida e autorizada pelo autor.

    3/31/10

    MEMÓRIAS DE CABO DELGADO - SUBLEVAÇÃO DAS POPULAÇÕES NEGRAS, NA VILA DO IBO, DE 26 DE JANEIRO DE 1883

    Por Carlos Lopes Bento(1)

    Na continuação de escritos anteriores, dedicados a divulgar a História das Ilhas de Querimba, divulgo mais um facto histórico relacionado com bicentenária Vila do IBO.

    "Na noite de 26 de Janeiro de 1883, foi alterada a ordem pública na Vila do Ibo pela sublevação armada de numerosos pretos com a intenções de atacarem as casas a alta hora da noite, em que todos estivessem no seu melhor repouso e estabelecendo anarquia, assassinarem os principais moradores com o intuito de saquearem as casas e procederem à pilhagem ..." Segundo informações dos capitães-mor de Querimba, Bringano, M´funvo e Terras Firmes(2), então em funções, muitos habitantes negros de suas terras teriam sido convidados, pelos conterrâneos do Ibo, para deitar guerra à Vila com o intuito de matar todos os brancos e roubar todos os seus bens.

    Para concretização do plano gizado, saíram das respectivas terras, - ter-se-iam juntado em Quissanga - e dirigiram-se ao Ibo, no dia 25, para se juntarem à força rebelde da Vila.

    As coisas, contudo, não lhe correram de feição. Ao chegarem ao porto do Ibo foram surpreendidos por uma força militar e pelos moradores, que os recebeu a tiro, tendo havido, de parte a parte, fogo intenso, entre as seis e meia da tarde e as nove da noite.

    Os que não morreram em combate fugiram em direcção às suas terra, muitos dos quais acabariam por se afogar, ao atravessarem os vários canais que separam a Vila das terras do Continente, devido à maré cheia existente na ocasião. Alguns, por estarem feridos, viriam a falecer entre os densos mangais que envolvem a ilha do Ibo. Muitos regressariam às suas terras, onde relataram o acontecido.

    Nesse combate, entre mortos e feridos, terão perdido a vida, entre as forças consideradas rebeldes, mais de cem pessoas, não se verificando, da parte da força militar ou da população da Vila do Ibo, qualquer baixa.

    Até agora não encontrei na documentação portuguesa, não só a indicação no número total de elementos - do continente e demais ilhas e da ilha do Ibo - que terá aderido a esta operação, nem das suas verdadeiras razões, como também do nome do chefe rebelde por ela responsável, que ficou conhecida por “guerra dos pretos”.

    Segundo informação que obtive no Ibo, em 1970, da parte de um respeitável geronta, da venerável família Morais: a revolta teria sido chefiado por um negro de nome Quiuaroara, que veio de Quissanga, há mais de cem anos, com muita gente armada, que com a ajuda dos escravos da Vila do Ibo, pretendia apoderar-se das mulheres dos brancos do Ibo e de seus haveres.

    O dia 26 de Janeiro de 1883 foi a uma Sexta-Feira, dia especial para as populações que professam a religião Islâmica. Então a maioria das populações das Terras Firmes já professava a religião Islâmica. Existirá aqui alguma interrelação?

    Haverá estudiosos, curiosos ou naturais das Ilhas de Querimba e seus descendentes, que possam adiantar mais alguma coisa sobre o tema hoje abordado? Desde já os meus agradecimentos.

    (1) - Antropólogo e antigo administrador do Concelho do Ibo. Por se tratar de um texto de divulgação não menciono as fontes que lhe serviram de base.

    (2) - Nessa data desempenhavam esses cargos, as seguintes individualidades: Cap.mor de Querimba, Manuel Justiniano Baptista; de Bringano e M´Funvo, Constantino António Resende e Sarg-Mor das mesmas terras, Francisco Diogo Baptista; das Terras Firmes, Joaquim Monteiro Baptista.

    12/15/09

    Apontamentos do Tito Xavier - Ilha do Ibo - Vista aérea em 1960


    Clique na imagem para ampliar. Fotografia propriedade de Tito Lívio Esteves Xavier, oficial da P. S. P. reformado, piloto de aviões e helicópteros em Cabo Delgado e antigo presidente da Câmara Municipal de Porto Amélia, que faleceu em Lisboa, dia 27 de Outubro de 2009.

    12/11/09

    Apontamentos do Tito Xavier: Ilha do Ibo - Fortaleza de S. João Baptista


    Clique na imagem para ampliar. Fotografia propriedade de Tito Lívio Esteves Xavier, oficial da P. S. P. reformado, piloto de aviões e helicópteros em Cabo Delgado e antigo presidente da Câmara Municipal de Porto Amélia, que faleceu em Lisboa, dia 27 de Outubro de 2009.

    12/04/09

    Apontamentos do Tito Xavier: Ilha do Ibo - Forte de S. José


    Clique na imagem para ampliar. Fotografia propriedade de Tito Lívio Esteves Xavier, oficial da P. S. P. reformado, piloto de aviões e helicópteros em Cabo Delgado e antigo presidente da Câmara Municipal de Porto Amélia, que faleceu recentemente em Lisboa, dia 27 de Outubro de 2009.

    11/30/09

    Apontamentos do Tito Xavier: Ilha do Ibo - Igreja de S. João Baptista


    Clique na imagem para ampliar. Fotografia propriedade de Tito Lívio Esteves Xavier (realizada antes de 1975), oficial da P. S. P. reformado, piloto de aviões e helicópteros em Cabo Delgado e antigo presidente da Câmara Municipal de Porto Amélia, que faleceu recentemente em Lisboa, dia 27 de Outubro de 2009.
    Nota - A fortaleza de S. João Baptista, construída, na ilha do Ibo, entre 1789-1794, destinava-se, essencialmente, a defender os interesses comerciais de Moçambique, então, nas mãos dos mercadores mouros da costa, árabes e franceses.

    Foi, até a transferência da capital do distrito de Cabo Delgado, do Ibo para Pemba, que teve lugar na última década do século XIX, o quartel da guarnição militar e nunca foi um entreposto ou prisão de escravos.

    Existia na Vila uma cadeia civil instalada no forte de S. José, erigido, nos meados do século XVIII, e, mais tarde, no fortim de Santo António, construído, em 1818. Aí, eram encarcerados, no cumprimento de penas de delito comum, pessoas livres e escravos.

    É mera fantasia afirmar-se serem mortos, por dia, 50 a 60 escravos. Só quem desconhece a importância dos escravos - de tráfico e domésticos - nas sociedades africanas e coloniais é que se permite fazer afirmações desta natureza.

    Recordo que, em 1798, a população das Ilhas de Querimba era de: 1753 pessoas livres, 1156 pessoas livres descendentes de escravos e de 5993 de população escrava.

    Esta era propriedade da população livre.

    Os escravos de tráfico chegados às Ilhas eram guardados pelos mercadores nas suas casas, em locais adequados.

    Quanto aos escravos domésticos, viviam nos quintais das casas dos senhorios, não se colocando o problema de fuga.

    No que toca ao guia da visita, sr João Baptista direi que foi um excelente funcionário da Administração do Ibo.

    11/24/09

    Apontamentos do Tito Xavier: Ilha do Ibo - Forte do Rituto


    Clique na imagem para ampliar. Fotografia propriedade de Tito Lívio Esteves Xavier (realizada antes de 1975), oficial da P. S. P. reformado, piloto de aviões e helicópteros em Cabo Delgado e antigo presidente da Câmara Municipal de Porto Amélia, que faleceu recentemente em Lisboa, dia 27 de Outubro de 2009.

    11/06/09

    Apontamentos do Tito Xavier: Ilha do Ibo


    Clique na imagem para ampliar. Fotografia propriedade de Tito Lívio Esteves Xavier, oficial da P. S. P. reformado, piloto de aviões e helicópteros em Cabo Delgado e antigo presidente da Câmara Municipal de Porto Amélia, falecido recentemente em Lisboa - 27 de Outubro de 2009.

    10/14/09

    Apontamentos do Tito Xavier: Ilha do Ibo


    Clique na imagem para ampliar. Fotografia propriedade de Tito Lívio Esteves Xavier, oficial da P. S. P. reformado, piloto de aviões e helicópteros em Cabo Delgado e antigo presidente da Câmara Municipal de Porto Amélia.

    10/05/09

    Apontamentos do Tito Xavier: Ilha do Ibo


    Clique na imagem para ampliar. Fotografia propriedade de Tito Lívio Esteves Xavier, oficial da P. S. P. reformado, piloto de aviões e helicópteros em Cabo Delgado e antigo presidente da Câmara Municipal de Porto Amélia.

    Nota: Imagem abaixo onde se pode vislumbrar a porta que este post menciona, mas na Câmara Municipal do Ibo em 1971. A mesma, segundo troca de informações com os Amigos Tito Xavier e Carlos Lopes Bento, pertencia e estava inicialmente colocada na "Casa Ranchordás". Posteriormente e segundo Carlos Lopes Bento afirma, "Em anexo vai foto, aliás uma excelente foto histórica, com a porta em questão na C. M. do Ibo. É possível que um dos administradores anteriores, talvez o Olveira, a tivesse mudado da casa do Ranchordas para o local onde a encontrei e ainda se encontra actualmente".

    (Clique na imagem para ampliar)

    9/17/09

    Apontamentos do Tito Xavier: Ilha do IBO

    Clique na imagem para ampliar. Fotografia propriedade de Tito Lívio Esteves Xavier, oficial da P. S. P. reformado, piloto de aviões e helicópteros em Cabo Delgado e antigo presidente da Câmara Municipal de Porto Amélia.

    9/16/09

    Apontamentos do Tito Xavier - Ilha do Ibo

    Clique na imagem para ampliar. Fotografia propriedade de Tito Lívio Esteves Xavier, oficial da P. S. P. reformado, piloto de aviões e helicópteros em Cabo Delgado e antigo presidente da Câmara Municipal de Porto Amélia.