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6/27/08

No esquecido mundo do Niassa, Feliciano dos Santos e os Massukos oferecem música, saúde e alegria ao povo.

(Clique na imagem para ampliar. Imagem original daqui.)
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No Bar da Tininha (comunidade MSN ligada à cidade de Pemba, antiga Porto Amélia no tempo colonial) encontrei uma intervenção sugerindo link para música moçambicana (aqui). E fui descobrindo em texto de Marjorie McAfee da FrontLine como, longe do mundo moderno, no norte de Moçambique, reside e atua em uma vasta extensão de terra esquecida da civilização e conhecida por Niassa, o afro-pop Feliciano dos Santos e sua banda Massukos.
Marjorie vai a uma pobre aldeia remota onde encontra uma multidão escutando Feliciano dos Santos e os Massukos com suas guitarras eléctricas. As pessoas vêm de todos os lugares à volta para ver e ouvir Feliciano Dos Santos, sua banda e suas guitarras elétricas. E por esse povo é considerado como uma das maiores estrelas afro-pop de Moçambique.
Quando sua banda, Massukos, começa a atuar os miúdos dançam e, melhor, sorriem.
Santos canta algumas letras inesperadas, na língua tribal local:
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Vamos lavar nossas mãos
Vamos lavar nossas mãos
Para as crianças permanecerem saudáveis
Para os tios permanecerem saudáveis
Para as mães permanecerem saudáveis
Nós vamos construir latrinas
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A maioria das estrelas do rock em Moçambique não cantam sobre higiene e saneamento básico. Nem há estrelas famosas da música a viver e trabalhar no Niassa, um dos lugares mais pobres do planeta, onde as pessoas sobrevivem e subsistem com enormes carências. Nascido e criado no Niassa, Santos escreve e executa músicas que literalmente salvam vidas. Seu grande sucesso, "lavar as mãos", é parte de uma campanha de saúde pública organizada por seu grupo sem fins lucrativos "ESTAMOS", com sede em Lichinga, Província do Niassa, que promove a instalação de bombas para fornecer água potável e de "EcoSan" que distribui banheiros para melhorar o saneamento básico... Feliciano dos Santos, por esse seu trabalho social foi contemplado com o prémio "Goldman Prize" considerado por muitos como o prémio Nobel dos defensores do meio-ambiente.
  • Leia a reportagem que desvenda quem é Feliciano dos Santos e seu magnífico trabalho social no interior do Niassa, na íntegra aqui!
  • E o vídeo "Mozambique Guitar Hero" aqui!
  • Ganhador do Prémio Goldman de Meio Ambiente de 2008 para a África, aqui!
  • Feliciano dos Santos - Mozambique Sustainable Development, aqui!
  • Site oficial dos "Massukos", aqui!

4/14/08

Fome no mundo - Antevisão sinistra...

(Imagem original daqui)
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A "descoberta" recente(?) da alta a nível mundial de preços dos alimentos alarma as nações. Políticas, muitas vezes de cariz populista voltadas para a angariação de votos através da pobreza e ignorância humanas se vêm em perigo de frustar, a médio prazo, multidões e povos esfaimados que cobrarão inevitávelmente o preço a seus eleitos.
Tal era prevísivel pois o mundo é limitado e, sobrecarregado a cada dia por mais "gente" que vai nascendo imprevidentemente, sem planejamento nos grotões de pobreza, está sendo castigado sistemáticamente por desmatamento selvagem, poluição irresponsável, aquecimento global inconsequente, industrialização e consumismo exagerados, etç., etç. como demanda de toda essa "população" excessiva, de custo também alto em programas sociais consequentemente necessários e sustentados por impostos crescentes oriundos dum rol concentrado, propenso a rarear de contribuintes.
África será, lamentávelmente, por todas as suas fraquezas sociais, um dos primeiros continentes atingidos por essa onda gigantesca que se aproxima. Díficil será evitar...Mas há que correr contra o tempo... ...
Transcrevo abaixo o que acabo de ler na edição eletrónica do Jornal Folha de São Paulo/BBC-Brasil, deste final de tarde de domingo, a respeito:
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FMI E BIRD PEDEM AÇÃO URGENTE CONTRA ALTA ALIMENTAR
O presidente do Banco Mundial, Robert Zoellick, e o diretor do Fundo Monetário Internacional, Dominique Strauss-Kahn, defenderam neste domingo a adoção de medidas urgentes para conter a atual inflação de alimentos.
"Temos agora que colocar nosso dinheiro onde está a nossa boca, para que possamos colocar comida em bocas famintas", disse Zoellick, usando uma expressão idiomática da língua inglesa que significa algo como não ficar apenas no discurso, mas tomar uma ação.
Os comentários dos dois líderes foram feitos na entrevista coletiva que marcou o encerramento da reunião de primavera do FMI e do Bird, em Washington, neste domingo.
De acordo com Zoellick, o fato de o preço de alimentos ter dobrado nos últimos três anos poderá fazer com que 100 milhões de pessoas em países de baixa renda mergulhem ainda mais na pobreza.
O presidente do Banco Mundial lembrou que o Programa Mundial de Alimentos da ONU pediu que até o início de maio sejam feitas contribuições para que o órgão possa sanar seu rombo de US$ 500 milhões.
"Já há indicações de contribuições que chegam quase à metade da cifra exigida, mas não é o bastante. É crucial que governos confirmem seus compromissos o quanto antes e que outros também comecem a fazê-lo."
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INSTABILIDADE
O líder do Bird saudou o fato de que o elevado preço das commodities e seu impacto no crescimento e no desenvolvimento será um dos temas da reunião dos ministros das Finanças do G8, que será realizada em junho, no Japão.
"Mas, falando honestamente, a reunião do G8 será em junho. E não podemos esperar tanto assim."
Tanto Zoellick como Strauss-Kanh destacaram que a inflação poderá causar graves instabilidade políticas. No sábado, o diretor do fundo chegou a afirmar que a crise alimentar poderá levar a guerras em diferentes países.
"Ontem mesmo, nós vimos a queda do governo do Haiti", lembrou, Zoellick, comentando a queda do primeiro-ministro haitiano, Jacques Edouard Alexis, que perdeu seu cargo após uma série de protestos violentos contra a alta do preço de alimentos no país.
Zoellick destacou que o Bird destinou US$ 10 milhões ao Haiti e lembrou que o governo brasileiro também fez uma contribuição ao país caribenho.
O presidente do Banco Mundial lembrou, no entanto, que a contribuição emergencial do Bird exigirá uma "ginástica" para contornar trâmites burocráticos atualmente exigidos já que "muito do nosso dinheiro está alocado mediante determinadas fórmulas e categorias".
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ADAPTAÇÃO
A necessidade de adaptação também foi destacada pelo diretor do Fundo Monetário Internacional, Dominique Strauss Kahn, que afirmou que a atual crise obrigará o órgão a reestruturar algumas de suas "ferramentas financeiras" que não são apropriadas para lidar com crises como a atual.
Stauss-Kahn chegou a ironizar a maneira como o fundo é visto, muitas vezes associado à recomendação de políticas macroeconômicas duras e com um pesado custo social.
"Muitos podem se surpreender ao ver o diretor do FMI preocupado com crise de alimentos". Mas acrescentou: "Não se surpreendam, nós iremos destinar tempo, recurso e expertise para lidar com isso".
13/04/2008 - 20h42 - BRUNO GARCEZ da BBC, em Washington.
  • ONU - Uso de biocombustíveis se tornou um crime contra a humanidade - O GLOBO OnLine - 14/04/08, 13h00 - Leia o texto Aqui !

4/02/08

Beira - Cidade do sexo ?...

(imagem original recolhida na net)
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Prostituição - a mais velha profissão do mundo, assim falam !
E, em Moçambique também existe atravessando em todas as suas nuances o período colonial e a violência da guerra de libertação chegando com acentuado realce e sofisticação aos dias atuais onde grupos de ralcionamento virtual na internet, como por exemplo "Orkut" e "Hi5" servem disfarçadamente de "vitrine" ou "portfólio". Moçambique não foge à regra como consequência de uma sociedade desiquilibrada, injusta, de padrões éticos confusos onde os valores materiais e consumistas se sobrepôem à moral e ao princípio/conceito de Família. Similar afinal a outros pontos desta orbe globalizada, instável, repleta de progressos científicos mas também de problemas crescentes e violentos em todo o sentido... ...
Assim, porque se trata de Moçambique, com foco na Beira (segunda cidade Moçambicana em importância económica e populacional), aqui transcrevo itens de reportagem do dia 7 de março último, do jornal diário "Notícias" - Maputo, onde poderemos "vivenciar" como se desenvolve essa atividade que depaupera, empobrece a sociedade e a mulher pelo mundo afora e, neste caso, de Moçambique:
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PROSTITUTAS DE "LUXO" GANHAM ESPAÇO NA BEIRA.
U
m novo cenário vive-se na capital provincial de Sofala, Beira, com as chamadas prostitutas de luxo a ganharem espaço naquela urbe. Trata-se de um número considerável de trabalhadoras de sexo que andam em viaturas de último grito, como são os casos dos famosos Toyota Surf, Mitsubish Sport Gear, entre outras de tracção às quatro rodas. Estas frequentam restaurantes de alta classe sofisticando a profissão mais antiga do mundo. Ainda aliado a este grupo, pode-se encontrar estudantes universitárias que fazem desta prática o garante para pagar as luxuosas mensalidades e outras necessidades em estabelecimentos de ensino superior privados existentes no "Chiveve".
A maior parte dos elementos deste grupo vivem sozinhas em "flats" luxuosas de diferentes prédios da cidade da Beira. Não frequentam pensões, muito menos os famosos cabarés daquela urbe. São raparigas que vivem sempre na moda, facto que dificulta a qualquer um descobrir que se trata de uma trabalhadora de sexo. Num belo dia, o articulista destas linhas esteve num destes luxuosos restaurantes da cidade da Beira. Era um reencontro de amigos que não se viam há longa data. Naquela confraternização, de repente, entrou uma senhora que aparentava possuir 30 anos, com sensivelmente um metro e 70 centímetros, olhos castanhos-escuros, cabelos desfrisados, sapatos altos (bico fino) e um vestido moderno bem comprido, à executiva. E acabou se sentando numa mesa próxima à nossa, o que ainda não era algum problema. "Um duplo de wiskey velho, por favor! Mas tem que ser seco. Rápido" - imperou em voz alta, despertando atenção de todos os presentes. E, de seguida, foi consumindo aquele líquido por muito tempo, como se alguém de espionagem se tratasse, numa clara tentativa de estudar o terreno e descobrir quem é que era o "manda chuva da noite". Curiosamente, a rapariga orientou ao servente para que entregasse uma "rodada" aos principais contribuintes da nossa mesa e uma outra próxima. "Esta é na conta daquela senhorita" - disse, carinhosamente, o "barman". E, em contrapartida, os supostos sortudos reagiram, primeiro com agradecimentos verbais, depois pagando, um de cada vez, duplo de wiskey para a visada. De seguida, a menina se juntou à mesa próxima da nossa. E para sossegar a minha curiosidade, tive uma conversa particular com o servente, tendo este clarificado que "esta é uma prostituta de luxo. Faz isso sempre. São muitas, outra é aquela sentada sozinha na mesa do fundo" - disse. Dito e feito, um dos elementos da mesa próxima, por sinal, o que foi presenteado com uma bebida, acabou recebendo um convite para um passeio de carro à cidade. Era um Toyota Surf, de cor vermelha, cuja matrícula não precisamos. Mas relatos do visado dão conta que, depois foi levado para uma residência luxuosa, no centro da capital provincial de Sofala. Conta-nos que a taxa varia de mil a cinco mil meticais, com direito a bebida e/ou um jantar. Quer dizer, o preço é proporcional ao tempo que levar, o que significa que pernoitar na referida moradia dá direito a um valor mais alto.
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... E ANDAM ARMADAS.
U
ma delas chegou a confessar à nossa Reportagem que, em média, consegue arrecadar seis mil meticais/dia. Quartas-feiras e finais de semana o valor conseguido sobe um pouco mais, chegando, às vezes, a obter 10 mil meticais, um dinheiro que pode superar o salário mensal base de um bacharel no Aparelho do Estado. Mas nem sempre tem sido um mar de rosas, porque, vezes há em que o cliente não aceita, à última hora, pagar tal montante. E para evitar situações do género, usa-se o sistema pré-pago. Só que nem isso tem sido solução, porque alguns clientes são oportunistas e/ou consumidores de droga que, no final, fazem ameaças e a trabalhadora acaba cedendo, devolvendo o valor. Para tal, já existem "prostitutas de luxo" que andam armadas. "Há muitos homens bandidos hoje em dia. Mas quem brincar comigo desta maneira estoiro os miolos com a minha pistola" - referiu A. Martinho. Todas as prostitutas de luxo que já abordamos têm sempre uma história triste por contar para justificar a sua entrada naquela "turma". A. Martinho, por exemplo, conta que teve uma infância dolorosa. Vivia com o seu pai e uma madrasta que procurava a todo o custo provar que a menina roubava dinheiro em sua própria casa. Este facto fez com que passasse a viver num centro internato com o estatuto de órfã, mas que tinha um pai capaz de dar um leito de luxo. Mas não foi bem sucedida na escola, tendo feito apenas a oitava classe. Decidiu, portanto, fazer negócios para a sua sobrevivência. Transportava camarão da Beira para o Zimbabwe e da "terra do tio Mugas" trazia cartolinas, só que foi "sol de pouca dura". Hoje, a A. Martinho preferiu prostituir-se para garantir o seu sustento. O mesmo pode-se dizer de B. António que diz que já esteve casada com um homem financeiramente estável, só que perdeu a vida muito cedo, vítima de acidente de viação e os familiares do finado retiraram-lhe todos os bens sob alegação de que a viúva é que teria orquestrado a morte. "Acusaram-me de feiticeira, por isso tiraram tudo o que tínhamos. Como não estudei muito, preferi optar por esta vida bastante dura, mas rentável" - ajuntou, mas visivelmente triste. Disse que antes frequentava as famosas pensões da cidade que servem de prostíbulo. Mas agora, porque já conseguiu uma viatura, aluga uma "flat" de onde desenvolve a sua "profissão", aumentando, assim, o número de prostitutas de "luxo" na cidade da Beira. "Agora não é rentável em pensões porque as zimbabweanas invadiram tudo. Esta forma de prostituir é que está a dar, também o esforço é menor e o dinheiro é elevado"- sublinhou, sorrindo.
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COM DROGA À MISTURA.
As trabalhadoras de sexo não só se limitam a este exercício, como também têm-se dedicado à venda de drogas pesadas. As mesmas servem de receptoras de drogas a partir de vários pontos e têm estado a comercializar nos estabelecimentos hoteleiros e/ou em diferentes casas de pasto de luxo, sobretudo onde frequentam cidadãos de nacionalidade estrangeira com um poder financeiro considerado estável. A nossa reportagem ficou a saber que a entrada de muitos estrangeiros da África do norte e/ou central, como são os casos de nigerianos, líbios e somalis, tem vindo de alguma maneira a fazer do "Chiveve" um forte corredor de drogas. Contam as nossas fontes que eles usam as trabalhadoras de sexo para transaccionar as drogas pesadas, como são os casos de haxixe, mandrax, heroína, entre outras. "Acha que algum polícia vai desconfiar de uma mulher bem vestida? Certamente que não. Nestas nossas bolsas transportamos muitas coisas. Para além de objectos de beleza, capulana, lenços, também as drogas podem aqui entrar" - disse, para depois sossegar o nosso repórter dizendo que "mas eu não faço. Só que tenho muitas amigas envolvidas nisto. Mas não vou te mostrar, porque em vocês jornalistas não podemos confiar. Vamos mudar já de assunto"(sorriu).
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PARQUES DE ESTACIONAMENTO DE VIATURAS VIRAM PROSTÍBULOS.
E
ntretanto, falar de zimbabweanas que vêm prostituir na cidade da Beira deixou de ser novidade, mas acontece que estas já estão em número bastante assustador sob olhar passivo de quem de direito. Ao que se sabe, de dia, as visadas vendem produtos trazidos da "terra do tio Mugas", mas nas noites muitas delas inundam as pensões transformadas em prostíbulos no "Chiveve". A famosa zona da Praia Nova é um dos locais preferidos. Ali frequentam as que cobram preços relativamente baixos que variam de 15 a 30 meticais. Enquanto que na zona de cimento, sobretudo nos prostíbulos dos bairros de Maquinino e Chaimite, as taxas vão de 50 a 250 meticais, dependendo do dia da semana e/ou horas. Às quarta e sexta- feiras, bem como nos finais de semana são os dias que a procura é maior e os preços são também altos. Uma famosa pensão localizada nas proximidades da zona da terminal de transportes semicolectivo de passageiros é onde mais casos notáveis acontecem. Nas sextas-feiras, os frequentadores chegam a fazer bichas para terem acesso a um quarto para tal prática, que custa 50 meticais/hora. Pelo facto um novo cenário se vive. Trata-se do recurso aos parques de estacionamento de viaturas e cantinas, cujos guardas procuram ganhar algum dinheiro facilitando aos interessados algumas horas. Aí a taxa de pagamento do local varia de 10 a 20 meticais/hora. Ali as trabalhadoras de sexo ficam mais à vontade porque os guardas destes locais acabam tendo a missão de protegê-las para evitar que haja algum escândalo que poderá causar desemprego aos visados. E, ao que tudo indica, o negócio está a ganhar corpo.
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OPORTUNISMO DOS POLÍCIAS.
Apesar deste negócio estar a ser rentável para os guardas que, regra geral, os seus salários não são grande coisa, nem sempre a vida tem sido fácil tanto para eles como para as trabalhadoras de sexo. Sabe-se, no entanto, que maior parte das zimbabwanas que frequentam tais locais entraram no nosso país ilegalmente, facto que tem criado espaço para alguns agentes da lei e ordem oportunistas. A nossa Reportagem testemunhou num dia um cenário triste, com os vulgo "cinzentinhos" a simularem uma vasculha num dos parques de estacionamento localizado nas proximidades da Messe da Polícia. Todas as zimbabweanas que estavam no local foram recolhidas, mas sabido que elas estavam ilegalmente tinham que pagar algum valor para se safarem. Não tem sido raras vezes ver agentes da polícia fardados a forçarem zimbabwenas a pagar um "copo" e/ou cobrar valores monetários nestes locais. Relatos há de polícias que frequentam tais sítios sem pagar a suposta taxa de uso do parque de estacionamento e mesmo valor para a trabalhadora do sexo sob pretexto de levar a visada à esquadra. "Estamos mal aqui. Às vezes estes polícias cobram-nos dinheiro e nós não podemos negar porque vão nos prender. Nós estamos contra que os polícias frequentem aqui, mas devem pagar-nos como acontece com outros homens que procuraram pelos nossos serviços" - J. Paticai, que falava em Shona.
- Eduardo Sixpence - Maputo, Sexta-Feira, 7 de Março de 2008:: Notícias

3/25/08

Ecos da imprensa moçambicana - Cerca de 60% das famílias moçambicanas sem habitação condigna.

Maputo - Ano XII-Nº 2788-Terça-feira, 25/Março/2008
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1.020 MIL FAMÍLIAS VIVEM EM BAIRROS DESORDENADOS.

O Ministério de Planificação e Desenvolvimento (MPD) estima que cerca de 60% de famílias moçambicanas não têm habitação condigna, vivendo em casas feitas com material de construção precário, nomeadamente pau a pique e caniço. No global, a gritante falta de habitação está a afectar perto de 1.3 milhão de famílias moçambicanas, o correspondente a uma população de 6.8 milhões de pessoas, de acordo com um estudo elaborado por José Forjaz, docente da Faculdade de Planea- mento Físico da Universidade Eduardo Mondlane que acrescenta que o problema fica a dever-se ao contínuo crescimento da população moçambicana estimado em cerca de 74.700 famílias/ano. A população urbana é aquela que mais se ressente da falta de habitação, água potável, energia eléctrica, saneamento do meio e segurança física, segundo ainda resultados do estudo realizado por aquele arquitecto que realça o facto de cerca de 1.020 mil famílias encontrarem-se ainda a viver nos bairros desordenados dos 12 centros urbanos moçambicanos. Para a minimização da carência de habitação, aquela fonte documental conclui serem necessários, pelo menos, cerca de 590 milhões de dólares norte-americanos, valor destinado para se providenciar melhores infra-estruturas básicas para Educação, Saúde, água potável, entre outros serviços. De referir que os dados foram apresentados pelo Ministério de Planificação e Desenvolvimento durante a sétima sessão do Observatório de Desenvolvimento, encontro que decorreu semana passada, em Maputo.
J. Ubisse - C. M.

2/09/08

Banco de Dados - Armando Guebuza: de marxista a empresário...

Para que se anote e, segundo Sabrina Hassanali do "Correio da Manhã" de hoje - 09/02/2008:
Ministro 24-20’.
É assim que muitos portugueses o recordam.
Quando assumiu a pasta da Administração Interna, no primeiro governo pós-independência liderado por Samora Machel, uma das suas primeiras medidas foi a expulsão de portugueses.
Ordenou-lhes que abandonassem a terra em que nasceram ou que adoptaram como sua em apenas 24 horas e juntassem todos os pertences acumulados durante uma vida de trabalho nuns parcos 20 quilos de bagagem.
Hoje, enquanto presidente da República de Moçambique, Armando Guebuza parece ter substituído o radicalismo feroz do passado pelo pragmatismo e acolhe bem, inclusivamente, o regresso daqueles que partiram forçados porque afinal uma nação emergente precisa de todos para crescer e sair da lista dos mais pobres.
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A ordem de expulsão de portugueses não foi a única mancha no seu vasto currículo político.
Pertencente ao núcleo duro do partido, convenceu o moderado presidente Machel a adoptar políticas radicais, de má memória para muitos moçambicanos.
Foi o caso do impopular programa ‘Operação Produção’, que consistia em enviar desempregados das áreas urbanas e os que eram apanhados sem documentos em rusgas nocturnas para zonas rurais no Norte do país, onde nasceu.
A maioria dos que foram integrados neste polémico programa nunca chegaria a regressar e muitos viriam a morrer de fome.
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‘GUEBUSINESS’
Quando o regime renunciou ao marxismo-leninismo para abraçar a economia de mercado e o multipartidarismo, Guebuza enterrou o passado marxista e mergulhou no mundo dos negócios tornando-se um empresário de sucesso.
A lista de negócios em que se tem envolvido é tão longa – desde turismo à construção civil, passando por importações-exportações, gráfica e até imprensa – que ganhou a alcunha de ‘Guebusiness’.
Os seus críticos afirmam que se tornou no maior representante do capitalismo emergente e questionam o seu enriquecimento.
Numa entrevista, quando lhe perguntaram como o tinha conseguido, respondeu orgulhoso: “Ganhei dinheiro com a criação de patos.”
Os seus negócios não o afastaram da carreira política.
Em 2002 conseguiu ser eleito secretário-geral do partido, abrindo caminho para a ambicionada candidatura à presidência.
Quando assumiu a chefia de Estado, em 2005, prometeu continuar com a política económica do seu antecessor e combater a pobreza, a corrupção, a criminalidade e a burocracia.
Três anos volvidos ainda pouco conseguiu cumprir do que prometeu.
É inquestionável que tem implementado reformas e que reforçou a recuperação económica, atraindo novos investimentos.
Conseguiu também uma taxa de crescimento extraordinária que lhe tem valido louvores de instituições financeiras internacionais.
Mas especialistas alertam que este megacrescimento económico assenta demasiado em megaprojectos, que não têm grande impacto social e pouco contribuem para reduzir a pobreza.
De acordo com a ONU, 40% dos moçambicanos vivem com menos do equivalente a um dólar por dia.
E esta situação tem gerado tensões sociais, como os recentes protestos contra o aumento dos transportes.
O combate à corrupção também não está a correr muito bem.
Ela persiste nas instituições e nem um caso foi levado à Justiça, cuja saúde inspira igualmente cuidados.
Guebuza tem um árduo trabalho pela frente, mas há que lhe dar o crédito de ter sabido ser o garante da democracia e também da estabilidade, crucial para os investidores.
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LÍDER SINDICAL
Filho de um enfermeiro, Armando Emílio Guebuza nasceu em Murrupula, na província de Nampula, a 20 de Janeiro de 1943 (65 anos).
Cedo se envolveu na política.
Aos 20 anos era presidente do sindicato estudantil criado por Eduardo Mondlane, líder da independência, e juntou-se à Frelimo.
No ano seguinte foi estudar para a Ucrânia.
Ocupou altos cargos governamentais antes de assumir a chefia de Estado, em 2005.
É casado e tem quatro filhos.
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MAIS SORRIDENTE
Armando Guebuza tem sido muitas vezes criticado pelos seus conterrâneos por ser taciturno e demasiado formal no contacto com o povo.
De facto, não era muito fácil vê-lo distribuir sorrisos.
Mas os mais atentos têm vindo a notar uma mudança que, segundo algumas fontes bem informadas, se deve a conselheiros apostados em fazer passar uma imagem afável do presidente moçambicano.
Note-se que a sua mulher, Maria da Luz, é, em contrapartida, uma pessoa comunicativa e de trato simpático. Características que a têm ajudado na campanha contra a sida, em que se tem empenhado activamente.
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APOIO TOTAL AO INVESTIMENTO CHINÊS
O maciço investimento chinês em África, incluindo Moçambique, tem suscitado preocupações não só por parte dos moçambicanos, como também por parte dos parceiros ocidentais, incluindo o maior deles, a UE.
A questão chegou a ser levantada na cimeira UE-África, que decorreu no ano passado em Lisboa e, nessa altura, o presidente moçambicano deixou claro que o investimento chinês continuará a ser bem acolhido e que os africanos sabem o que fazem.
“Vejo África como continente independente, maduro e responsável. Assim sendo, quando África entra em negociações e faz acordos com outras entidades, fá-lo enquanto um parceiro maduro”, declarou.
A China tem investimentos de Norte a Sul de Moçambique em áreas como a construção e a reconstrução de infra-estruturas, exploração de minerais, como cobre e carvão, ou a produção de alumínio.
Recentemente, a imprensa local denunciou abusos cometidos por empresas chinesas, nomeadamente o abate ilegal de madeira no Norte do país.

1/02/08

QUÊNIA - A nova vergonha africana...

Milhares fogem de violência após eleição no Quênia
Dezenas de milhares de quenianos deixaram suas casas nos últimos dias para fugir da onda de violência que tomou conta do país africano desde as eleições presidenciais realizadas na última quinta-feira.
Os confrontos se intensificaram a partir de domingo, quando foi confirmada a reeleição do presidente Mwai Kibaki. O resultado oficial foi contestado pela oposição e provocou protestos e episódios de violência nas principais cidades do país.
A onda de violência, considerada a pior registrada no país nos últimos anos, já deixou mais de 250 mortos em diversas cidades.
Agências internacionais de ajuda humanitária alertaram que o país se encaminha para uma catástrofe caso os confrontos continuem.
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Queimados vivos
O pior incidente ocorreu na cidade de Eldoret, no oeste do Quênia, onde pelo menos 30 pessoas, entre elas 25 crianças, foram queimadas vivas na manhã desta terça-feira dentro de uma igreja.
Na hora do ataque, estavam dentro da igreja cerca de 400 pessoas que se refugiavam da violência nas ruas da cidade. Uma multidão cercou o prédio e ateou fogo.
O pastor Jackson Nyanga disse à BBC que muitas pessoas foram espancadas antes que o prédio fosse incendiado.
As pessoas que se refugiavam na igreja pertenciam ao grupo étnico Kikuyu, o mesmo do presidente Kibaki.
Segundo correspondentes da BBC no Quênia, a região de Eldoret tem um histórico de tensão entre diferentes grupos étnicos, e nos últimos dias centenas de Kikuyus têm procurado abrigo em igrejas e na delegacia de polícia da cidade.
A Cruz Vermelha disse que pelo menos 70 mil pessoas ficaram desabrigadas na região de Eldoret desde o início dos conflitos e descreveu a situação como uma calamidade.
O porta-voz do governo, Alfred Mutua, acusou apoiadores do principal candidato de oposição, Raila Odinga (que pertence ao grupo étnico Luo), de uma campanha sistemática de violência étnica... ...
BBCBrasil.com - 02/01/08 - Leia a notícia na íntegra aqui !
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Entenda a crise no Quênia
A divulgação do resultado das eleições presidenciais do Quênia, realizadas no último dia 27 de dezembro, provocou protestos da oposição e mergulhou o país na pior onda de violência dos últimos anos.
Centenas de pessoas morreram ou ficaram feridas em confrontos em diversas cidades do país e dezenas de milhares foram obrigadas a deixar suas casas para fugir da violência.
A Comissão Eleitoral deu a vitória ao presidente, Mwai Kibaki, reeleito para um segundo mandato de cinco anos. No entanto, o principal candidato de oposição, Raila Odinga, contesta o resultado e afirma que houve fraude.
Entenda a crise desencadeada pelas eleições.
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Qual a diferença desta eleição para as anteriores realizadas no Quênia?
O presidente Mwai Kibaki foi eleito em 2002 com a promessa de mudança, encerrando 40 anos de domínio de um único partido, o Kanu, no governo.
As eleições de 2002 foram amplamente elogiadas, depois de votações anteriores marcadas por alegações de irregularidades e violência étnica.
O presidente do Quênia na época, Daniel arap Moi, concordou em deixar o poder depois de 24 anos de governo. O candidato apoiado pelo presidente também aceitou a derrota.
No entanto, nas eleições atuais a impressão é de que o Quênia retrocedeu.
Observadores da União Européia criticaram o pleito e disseram que alguns dos resultados divulgados na capital, Nairóbi, eram diferentes dos apurados nos distritos eleitorais. Em algumas regiões, o número de votos foi maior do que o número de eleitores registrados... ...
BBCBrasil.com - 02/01/08 - Leia a notícia na íntegra aqui !